São os heróis que fazem a história?
Tivesse Cleópatra o nariz um pouco mais
curto, despertaria em Augusto a mesma paixão que conquistou César e Marco
Antônio, e a história do Império Romano seria outra.
Se Carlos Martel não vencesse o califa em
Poitiers, o Ocidente seria muçulmano e os astronautas desembarcados na Lua se
chamariam Ali, Malamud e Gamal.
Se Galileu, Newton e mais meia dúzia de
cientistas de sua época tivessem morrido ainda crianças, o método científico
não teria sido criado e sem ele não haveria ciência moderna, nem Revolução
Industrial.
Fosse Napoleão 15 centímetros mais alto,
não necessitaria compensar seu complexo de inferioridade. Ficaria satisfeito em
ser apenas um pacato oficial de província, e a França não teria transformado a
face da Europa.
Assim, eu, cidadão brasileiro de nome
latino-cristão, que vive segundo leis que têm origem na Revolução Francesa e
que faz a barba com barbeador elétrico, poderia não existir. Minha existência
foi determinada pela embriologia de Napoleão, que o fez baixinho, por um tombo
que Cleópatra levou em criança e lhe entortou o nariz, por um sarampo que
Galileu não teve, por um erro de cálculo de um general árabe.
Não fossem esses pequenos “acidentes”, eu
poderia ter um nome árabe, viver em regime feudal segundo o Alcorão e fazer a
barba com navalha. Bastaria que Galileu, Gutenberg e os desconhecidos chineses
que inventaram a pólvora e a bússola tivessem morrido em tempo, para que não
houvesse imprensa, grandes navegações e predominância europeia sobre o mundo.
Uma dúzia de homens importantes a menos e o curso da história – vidas de
milhões de outros – tomaria um rumo que não podemos saber qual seria.
Essa argumentação pode parecer grotesca
pela forma como está exposta. Entretanto, todas as hipóteses acima foram
realmente defendidas por alguns pensadores. Além disso, a ideia de que “quem
faz a história são alguns poucos personagens e o resto é consequência de seus
atos” aparece frequentemente nos jornais rádio, TV, revistas, romances. Quantas
vezes não ouvimos dizer que “Hitler é o culpado da II Guerra Mundial”? Lê-se
também em vários livros de história que o Papa Leão I convenceu Átila
pessoalmente a não saquear Roma e evacuar a Europa. O que pode significar que,
caso o Papa não tivesse usado argumentos convincentes, a Europa teria sido
devorada pelos hunos.
Essa maneira de ver a
história torna-a, ao mesmo tempo, simples
e incognoscível. Muito simples, sem dúvida. Uma só causa e todo o resto
está explicado. Mas, por esse raciocínio, além de simples as causas são também
imprevisíveis e por isso, incognoscíveis.
Imaginemos uma estorinha possível: no dia
17 de abril de 1915, o soldado Fritz Muller, numa trincheira da frente
francesa, avisou ao soldado Adolf Hitler que sua botina estava desamarrada. O
soldado Adolf abaixou-se e, naquele preciso momento, uma bala disparada do
outro lado pelo soldado Jean Dupont passou pelo lugar onde estivera sua cabeça.
Não fosse o aviso de Fritz, não haveria mais Adolf. E sem Adolf não haveria II
Guerra Mundial, já que ele não teria “enlouquecido” a Alemanha, etc.
Se um ato simples como esse – avisar que o
sapato de certa pessoa está desamarrado – pode determinar toda a história (ou
boa parte dela), como é possível conhecer as causas da história? Elas seriam
tão extraordinariamente triviais – tombos, sarampos, balas perdidas – que se
tornaria impossível reconstruí-las.
A teoria do personagem como causa única da
história é, de fato, uma “teoria do acidente imprevisível”. Ou seja, o
reconhecimento de que é impossível conhecer as causas da história humana.
É o destino que faz os heróis?
A opinião diametralmente oposta à anterior
diz que os grandes personagens históricos não são mais do que marionetes nas
mãos do destino. Segundo essa ideia, Cleópatra poderia ter tido o nariz de Liz
Taylor e isso não teria mudado nada. Porque pouco teria importado qual o
general que se apossasse do poder. Fosse quem fosse, ele teria sido obrigado,
pelas circunstâncias, a fazer mais ou menos o mesmo que Augusto e enterrar a
República romana. Napoleão poderia ter morrido alto, sedutor e cheio de filhos
numa guarnição de província, e ainda assim a França teria conquistado o mesmo
império. Outro general teria conduzido seus exércitos. Galileu e Gutenberg
poderiam ter tido sarampo, outros fariam suas descobertas. O império francês, o
método científico e a imprensa eram inevitáveis
e não dependiam daqueles que nos “parecem” seus criadores. Muito pelo
contrário, foram as situações históricas que criaram integralmente esses
personagens. É interessante notar que, às vezes, os próprios personagens
históricos têm essa impressão. No fim da vida, Napoleão afirmou: “É preciso que
se passem pelo menos 1000 anos para que se possa repetir a conjugação de
fatores que me criou”.
E Von Brauchitsch, marechal-de-campo de
Hitler, retrucou aos juízes de Nuremberg, no seu julgamento por crimes de
guerra: “Hitler foi o destino da Alemanha, e esse destino não podia ser evitado
de forma alguma”.
Existe, entretanto, uma diferença entre a
declaração de Napoleão e a de Von Brauchitsch. O marechal alemão fala em inevitabilidade e destino. Bonaparte refere-se a uma reunião de condições, isto é, às oportunidades que uma situação
pode oferecer a um personagem. Segundo Von Brauchitsch, há um livro do destino,
onde todas as coisas estão escritas. Pensamos
ver o grande homem decidindo, agindo, determinando. Na verdade, forças
impessoais – econômicas, raciais, seja o que for – movem a história, e ele não
é mais que uma roda dentada, um mero elemento de transmissão, peça de uma
máquina posta em movimento, que só se move segundo o plano que a criou. Tudo o
que ele fez não poderia ter sido de outra forma. Não existem alternativas
históricas, porque não há escolhas possíveis.
O que se pode deduzir das palavras de Von
Brauchitsch é que a história humana independe do que os homens possam fazer.
Mas o que significa afirmar que o grande
homem é feito pelas circunstâncias? Tudo são circunstâncias: desde as condições
políticas e econômicas da época, até um tombo em criança. Equivale a dizer que
todos os atos do grande homem têm causa, o que é sem dúvida verdadeiro, mas não
explica nada.
A origem dessas explicações
A ideia de que um personagem foi a causa
originária de qualquer fato histórico importante é tão difundida que, quando
não existe esse personagem, ele é inventado. Os espartanos acreditavam que uma
pessoa chamada Licurgo fora o sábio legislador que, racionalmente, criara os
costumes e instituições de sua cidade. Ele inventara essas instituições, explicara-as
aos espartanos do passado, e estes, convencidos da inteligência de tais regras,
passaram a viver de acordo com elas. Nenhum antropólogo ou historiador acredita
que uma sociedade possa “nascer” dessa maneira. Licurgo, na verdade, é a
personalização de um inteiro período da história de Esparta. O período que
compreende a chegada das tribos dóricas à Grécia central, sua luta com os
habitantes locais, a escravização destes e sua redução à condição de ilotas, o surgimento de um tipo de
exploração da terra e de uma estrutura política correspondente. Processo que
deve ter levado algumas centenas de anos.
Essa tendência à personalização da história tem outra consequência: a divinização do herói. Se uma pessoa
sozinha é capaz de realizar coisas tão importantes, o próximo passo é supor que
ela possui poderes extra-humanos. É fácil verificar essa tendência em relação
aos grandes personagens da Antiguidade. Alexandre e Buda, pessoas reais,
tiveram suas biografias recheadas por uma tremenda quinquilharia de “fatos” heróicos
e sobrenaturais. No folclore, sempre que o herói, esse personagem “predestinado
a mudar o mundo”, nasce, há espantosos presságios. Espíritos do além o anunciam
e oráculos falam. Sempre que eles realizam suas façanhas, a natureza as comenta
com exclamações (eclipses, cataclismas). E quando morrem, o planeta se lamenta.
Por um instante, a ordem natural das coisas fica subvertida: rios correm para
as nascentes, os mortos se erguem dos seus túmulos. Essas aposições são fruto
da ingenuidade, e nenhum historiador realmente acredita que o pai de Buda fosse
um elefante branco e o de Alexandre o deus Zeus, por mais que o afirmem alguns
de seus contemporâneos. Hoje, entretanto, é frequentemente aceito que Hitler
foi um “mago negro” que enfeitiçou a Alemanha. Que Stálin tenha sido o criador
pessoal de um reino demoníaco, e que Churchill foi uma espécie de Joana D’Arc
que, com sua tremenda personalidade, mobilizou os ingleses semiderrotados e os
conduziu à vitória. Essas imagens dotam os personagens de poderes semelhantes
aos de se possuir como pai um elefante ou um deus. O fato é que, mesmo hoje, a personalização das causas da história
(isto é, sua redução aos heróis) constitui uma deificação dos personagens (só ela explicaria a misteriosa origem
de tanto poder).
Do século XVIII para cá, com o surgir das
ciências sociais (os enciclopedistas), apareceu uma tendência oposta a essa. Os
historiadores e sociólogos irritaram-se com a “explicação” mitológica que não
explicava nada, e alguns levaram sua irritação ao ponto de declarar que o
personagem não tem importância causal nenhuma. Prova: há vários fenômenos
históricos importantes que não possuem qualquer personalidade central, mas uma
multidão delas. Por exemplo, as revoluções comercial e industrial, do século XV
ao XIX.
Para distinguir essa visão da história,
que ele achava científica, daquela que considerava “popular”, o historiador
inglês G. M. Young (sob a influência direta de Spencer) colocou num livro seu
como epígrafe o seguinte provérbio: “Os empregados falam sobre pessoas, as
pessoas educadas discutem coisas”. Acton afirmava: “Nada causa mais erros na
visão da história que o interesse dos indivíduos”. E Voltaire exclamava
irritado: “Que pode me importar que um bárbaro tenha substituído outro nas
ribanceiras do rio Oxus?”.
Isso não significa que pensadores de
grande estatura também não tenham defendido a ideia de que “são os homens
fortes que fazem a história”. Historiadores talentosos, mas imbuídos do
espírito romântico, como Carlyle, o fizeram. Mesmo eruditos meticulosos e nada
românticos, como Momsen, afirmaram isso. Os historiadores são influenciados
pelo momento em que vivem, e não é exagero afirmar que a figura de Júlio César,
como emerge na colossal História de Roma
de Momsen, deve tanto à erudição do autor quanto à necessidade que ele sentia
de um “homem forte” para realizar a unificação do povo alemão (ele a escreveu
em 1850). O historiador holandês Geyl, em seu Napoleão: Pró e Contra, mostra como os julgamentos sucessivos dos
historiadores franceses do século XIX sobre o papel de Napoleão refletem mais
as lutas políticas que eles viveram, que o exame de Napoleão e sua época.
A conclusão de ambas essas hipóteses,
quando colocadas de forma extremada, paradoxalmente é a mesma. Se o grande
personagem dirige a história com seus poderes sobre-humanos, não há nada a
fazer contra esses poderes. Mas, se o curso da história é inalterável, para que
se preocupar com ele?
Há um sentimento subjacente comum aos
defendem a ideia de que o curso da história depende dos indivíduos: o da
responsabilidade moral. A aceitação da tese de que os indivíduos são o mero
resultado das circunstâncias em que vivem impede-nos de declarar que Fouché e
Hitler foram dois péssimos sujeitos.
De qualquer maneira seria algo estranho,
do ponto de vista científico, acreditar que decisões de homens, com o poder de
mover milhões de outros, como Hitler ou Richelieu, realmente não tivessem
importância alguma no curso dos acontecimentos. Se há fenômenos históricos em
que não figuram “personagens principais”, isso não quer dizer que naqueles em
que aparecem eles não tenham importância. Será que o talento militar de
Napoleão realmente não influiu na condução da guerra europeia?
Movimentos da história sem personagem
central
Entre 3000 e 700 a.C. começou a
agricultura, a domesticação dos animais e a construção de cidades. Ninguém em
perfeito juízo afirmaria que a revolução neolítica foi feita por três pessoas:
uma inventou a agricultura, outra a domesticação, outra as cidades. Essas
invenções foram grandes fenômenos coletivos que envolveram a colaboração
gradativa de enormes multidões de observadores, experimentadores, repetidores,
aperfeiçoadores. O mesmo se pode dizer das revoluções comercial e industrial,
que se estenderam por quatro séculos.
A máquina a vapor foi, de certa maneira, o
“grande personagem” da Revolução Industrial. A primeira notícia que se tem de
uma máquina a vapor é do século I: foi inventada por Hierão de Alexandria, mas
nunca passou de um brinquedinho. Quando Papin e Watt a reinventaram no século
XVIII, eles nunca tinham ouvido falar em Hierão. O problema para o historiador
é: por que a máquina de Hierão não mudou em nada a sociedade em que ele vivia,
e por que, mal ela surgiu na sociedade de Papin-Watt, mudou o mundo? As
possibilidades de o vapor mover um pistão eram as mesmas, mas as condições
sociais das épocas eram diversas. (a biografia das máquinas tem isso em comum
com a dos grandes homens – elas precisam de oportunidade.) Na sociedade escravocrata
em que viveu Hierão não havia mercado para a compra de produtos manufaturados
pelas máquinas (os escravos não recebiam salário), nem capital acumulado para
investir nesse tipo de produção, nem uma atitude mental que permitisse utilizar
todas essas coisas (o comércio e o trabalho eram considerados ignóbeis pelos
aristocratas). E durante a Idade Média a situação não foi muito diversa. Mas
entre os séculos XV e XVIII as coisas foram mudando. A causa inicial foi o
desenvolvimento do comércio, que se avolumou à medida que o feudalismo
declinava e as navegações se intensificavam. A Revolução Industrial teve como
condição prévia a Revolução Comercial. Mas o comércio, que criou as condições
que permitiriam, por fim, o uso da máquina a vapor, foi – como a revolução
neolítica – a soma da atividade de milhões de homens.
Houve, portanto, movimentos tremendamente
importantes na história que ocorreram sem que ninguém se destacasse
excepcionalmente.
O que é um grande personagem?
Escreve-se a biografia de alguém porque se
considera que ele fez coisas importantes. Napoleão conquistou um império e
Voltaire escreveu livros. Mas essas são coisas importantes de tipo muito
diverso. Napoleão, Alexandre, Hitler, Stálin, comandaram e organizaram milhões
de homens. Voltaire, Galileu, Van Dyck e Einstein mandaram, quando muito, em
seus familiares. Aparentemente existem, portanto, dois tipos de grandes
personagens: os que agem junto com a multidão e os que agem sem ela (geralmente
romantizados como os “gigantes solitários”). Isso é verdade?
O comércio, atividade de massas anônimas,
atividade de um inteiro setor da sociedade, foi destruindo dentro do mundo
feudal a atitude de desprezo perante o trabalho. Quando essa atitude se tornou
divulgada, pintores como Van Dyck e Dürer começaram a retratar mercadores;
aventureiros como Marco Pólo escreveram suas biografias; ricos banqueiros
financiaram artistas e escritores. Voltaire e Galileu parecem solitários. Mas, na verdade, Voltaire – com sua
irreverência pelos valores feudais, sua afirmação do livre pensamento – só
poderia ter surgido numa sociedade em que os valores feudais já estivessem
abalados na cabeça dos próprios aristocratas. De outra maneira ele teria sido
queimado vivo com seu primeiro livro ou seria um escritor sem leitores. É
impossível imaginar Voltaire nascendo entre os habitantes da Nova Guiné ou
mesmo na civilizada China de sua época. (Na aristocrática cultura chinesa só
havia lugar para intelectuais-mandarins.) Voltaire absorveu ideias que
circulavam por seu ambiente e devolveu-as a ele reformuladas de forma
penetrante e aguda. Ao explicar de forma clara o que seu público esperava
ouvir, tornou-se um dos pensadores influentes do Iluminismo.
Galileu não brotou por acaso na Renascença
italiana. No mesmo instante em que ele trabalhava, milhares de intelectuais
esforçavam-se pelo mesmo caminho. Voltaire e Galileu tornaram-se grandes homens
porque fizeram o que tinham a fazer muito melhor que seus contemporâneos. Mas é
ilusão dizer que eles não precisaram da sociedade de sua época, como é ilusão
pensar que a sociedade não precisou deles.
Galileu e Voltaire eram homens
especializados na produção de ideias. Um possuía talento para perceber as
relações do mundo físico; outro, as relações do mundo social. Um forneceu à
sociedade as bases científicas para a nova técnica que surgia. Outro, as ideias
e o aparelho intelectual que serviriam a mercadores, industriais e plebeus,
para derrubar os aristocratas.
Os grandes pensadores, cientistas ou
artistas podem ser solitários em sua vida pessoal. Mas dependem do seu grupo
social para sua atividade criadora. E o grupo social depende deles. Se um só
homem na Renascença, Lutero, tivesse se sentido insatisfeito com o papado, os
historiadores sequer saberiam desse fato. Como milhões de homens se sentiram
insatisfeitos, a Reforma tornou-se um fenômeno histórico.
Mas em todas as épocas há várias
tendências opostas dentro das multidões de homens. Se na Renascença houve
milhões que queriam reformar a Igreja, houve também aqueles que quiseram
mantê-la. Essas duas correntes, subdivididas internamente em correntes menores,
constituíram as condições em que puderam aparecer os líderes da Reforma e da
Contra-reforma.
Essas afirmações, feitas neste nível,
chegam a ser banais: significam apenas que Lutero não poderia ter sido Lutero
na China ou na Papuásia. Tinha de chefiar e exprimir tendências da sociedade em
que vivia, e suas ideias derivavam dessa sociedade.
A pergunta real que queremos responder é:
Lutero, Napoleão e Galileu modificaram ou não a sua época com suas vidas? E se
o fizeram, em que medida o fizeram? A existência de Lutero, por exemplo, seu
modo de agir, determinaram o curso que tomou o movimento da Reforma?
O herói e suas circunstâncias
Um exemplo da vida diária: Fulano matou
Beltrano com um tiro. Mas o advogado de defesa argumenta que, se bem que o
culpado aparente seja quem apertou o gatilho, os culpados reais são a
metalurgia e a descoberta da pólvora. Porque sem revólveres nem balas a
situação que permitiu o crime jamais teria existido. Qualquer promotor
demonstraria que essa tese é um disparate: há um enorme número de pessoas que
possuem revólver e nunca atiraram em ninguém. Os revólveres, a metalurgia e a
pólvora foram circunstâncias necessárias
ao crime. Necessárias, mas não suficientes.
Para explicar esse crime em particular é preciso considerar a situação
psicológica em que se encontravam Fulano e Beltrano, e como ela se desenvolveu
até levar Fulano a apertar o gatilho. A discussão sobre a função do personagem
na história se assemelha a essa. Para que Napoleão fosse possível (como ele
mesmo intuiu), várias causas foram necessárias. Foi necessário, antes de tudo,
que tivesse havido uma Revolução Francesa. Essa revolução criou condições
indispensáveis para o surgimento de Napoleão: dividiu a terra, criando uma
classe de camponeses independentes e fiéis à nação que os libertara da
servidão; criou os exércitos de massa, baseados na conscrição nacional. Antes
da revolução, na Europa, a guerra era problema de pequenos exércitos
profissionais. Quando a Primeira República precisou defender-se do resto da
Europa feudal que a atacava, ela não podia confiar nos velhos oficiais e suas
tropas mercenárias. A Convenção lançou um apelo a todos os cidadãos sadios para
que se alistassem no exército e defendessem as conquistas da revolução. Como
nenhum camponês (e eles eram a imensa maioria dos franceses da época) queria
perder a terra que conquistara, a República obteve um imenso exército de
amadores, que primeiro sofreu fortes derrotas, mas que acabou esmagando os
adversários com seu número, seu devotamento e com os recursos militares bem
administrados que a República estava criando. Esse novo tipo de exército
formaria um novo tipo de oficiais e veteranos. Seria o instrumento que Napoleão
encontraria quase pronto quando, por sua audácia e senso de oportunidade,
destacou-se no corpo de oficiais.
O numeroso exército, a divisão da terra, a
centralização administrativa, o surgimento de uma ampla burocracia militar,
criações da Revolução Francesa, foram algumas das condições necessárias ao
surgimento de Napoleão. Houve mais algumas, não tão decisivas quanto estas, sobre
as quais os historiadores discutem. Contudo, qualquer condição política, que
permitisse a um homem surgido do seio da burocracia militar aspirar ao poder,
seria ainda necessária, mas não suficiente, para o surgimento de
Napoleão. Quando todas as condições referidas já estavam maduras e a burocracia
militar já tinha condições para apossar-se do poder, ainda assim isso não
tornava inevitável que o ditador viesse a ser o próprio Bonaparte. A revolução
havia gerado vários generais. Por que ele e não outros? Aqui entram
forçosamente os detalhes biográficos de Napoleão. Sua audácia, iniciativa,
senso de oportunidade, desprezo pela moral convencional, contaram enormemente.
Numa série de oportunidades sucessivas, ele sempre foi mais capaz que seus
rivais de subir outro degrau na escada do poder. As condições que explicam a
ascensão de Napoleão devem ser procuradas em sua biografia e não nas condições
gerais da época.
Mas isso não deve ser entendido como se a
biografia de Napoleão e o processo da Revolução Francesa fossem “canais”
separados que simplesmente convergiram. Napoleão, como Lutero na Reforma,
desenvolveu-se dentro da Revolução
Francesa e sua biografia é em boa parte determinada pelos próprios
acontecimentos da revolução. A burocracia militar escolhe para seu chefe um
homem que se formou dentro dela e que lhe parece o mais indicado para conduzir
a luta em curso. E qual é a luta em curso?
A epopeia napoleônica é principalmente a
luta entre Inglaterra e França pela hegemonia europeia. Napoleão não pôde
dirigir essa luta “como ele queria”. Economicamente, a Inglaterra era o mais
forte dos dois rivais. Os produtos ingleses invadiam a Europa e a França não
tinha produção suficiente nem de tão boa qualidade quanto a inglesa para poder
expulsar seu rival da Europa por simples métodos comerciais. Napoleão recorreu
por isso aos meios militares: o “bloqueio continental”. Proibiu todos os
aliados e domínios de comerciar com a Inglaterra, obrigando, assim, esses
países a comprar produtos franceses contra seus próprios interesses. A
Inglaterra tratou, então, de se apoiar nos interesses lesados dos europeus, que
despertavam em todos os lugares um sentimento antifrancês. O império
napoleônico teve, pois, desde o início, uma séria desvantagem interna e
precisou continuamente sufocar as rebeliões. Ele podia apoiar-se sobre as
camadas de classe média, dispostas a lutar contra os privilégios feudais nos
países conquistados. Mas as necessidades de dinheiro do império francês em
pouco tempo mudavam essas alianças potenciais na inimizade que aparece entre o
pilhador e o pilhado. O fato é que Napoleão começou sua luta contra a
Inglaterra numa situação de desvantagem econômica.
Dispunha de vantagens políticas e militares. A política era a hegemonia
francesa que a República e o Diretório haviam estabelecido na Europa. A militar
era o exército francês. Mas a desvantagem econômica, com o tempo, foi corroendo
as bases do poder político e militar de Napoleão, tirando-lhe aliados e meios
de sustentar o exército, enquanto a Inglaterra ia adquirindo aliados e
fortalecendo seus exércitos. Bonaparte lutou contra essa maré crescente com
obstinação e talento extraordinários. Foi um político hábil. Dividiu os
inimigos. Aperfeiçoou a tática e a estratégia do exército de massas, até fazer
dele uma máquina de guerra como nunca se vira no mundo. Mesmo quando seu grande
exército estava morto e os veteranos substituídos por bisonhos recrutas, sem
tradição de combate, manejou tão bem esta arma deficiente, que manteve em xeque
por muito tempo a coligação adversária. Privado dos meios de ganhar a guerra, impedia
seus adversários de impor-lhe uma derrota militar. Um mau general e uma
política inábil teriam, em pouco tempo, sido vencidos pela desvantagem
econômica. O imenso talento de Napoleão permitiu-lhe sustentar uma luta
desigual e determinou boa parte da história da época.
Assim, três coisas podem ser estabelecidas
sobre o “fenômeno Napoleão”. As condições gerais de sua época eram sem dúvida
condições necessárias. A sua
biografia, entretanto, fornece outros elementos, indispensáveis para atingir
uma explicação suficiente. E seus
atos posteriores à subida ao poder modificaram, em alguma medida, os fatos de sua época. Sua
presença tornou-se uma das condições gerais do período, uma causa necessária a
outros personagens e fatos.
Resta verificar o quanto a sua presença determinou que a história do seu tempo tomasse
um caminho e não outro.
Cavalo Louco ou o desfecho inevitável
Qual o mundo que cerca Cavalo Louco em
1876 nos Estados Unidos? Já há muitas gerações os peles-vermelhas estão
recuando, recuando sem parar, diante do avanço dos fazendeiros brancos que lhes
tomam as terras. Todas as alternativas de acordo foram inúteis. Todos os
combates foram inúteis. As tribos são
tradicionalmente divididas e cada uma combate a sua guerra particular contra os
brancos. Cavalo Louco é um jovem chefe guerreiro dos índios Sioux. Compreende
que, separadas, as tribos estão perdidas. Começa uma pregação entre elas,
explicando que devem abandonar as velhas rivalidades e unir-se contra os
brancos que as sufocam. É preciso atrair e derrotar os brancos numa vitória
militar decisiva, para depois negociar numa posição de força. Consegue de fato
unificar as tribos, juntar homens e armas suficientes para um combate decisivo,
e atrair um coronel americano, Custer, para uma batalha onde os índios o
circundam e esmagam. Cavalo Louco e seus bravos exultam – os brancos foram
severamente batidos, tiveram uma prova de força das tribos, agora terão de
negociar. Mas não há qualquer negociação. O tempo passa e o exército indígena
que Cavalo Louco tão penosamente reuniu se dissolve. As tribos precisam migrar
atrás dos bisões, acompanhando seu ciclo anual. São caçadores nômades, ainda
sem agricultura, e dependem para tudo dos animais. Da pele fazem a roupa e as
tendas, dos ossos instrumentos e armas, da gordura as lâmpadas, da carne o
alimento. Não podem fixar-se num só lugar. E os brancos recomeçam a caçá-los
isoladamente. De onde vêm tantos brancos? Parecem nascer do chão. Cavalo Louco
retira-se combatendo, vendo sua gente morrer de fome e frio. E finalmente se
rende. Pede piedade não para ele, mas para as mulheres e crianças que não podem
lutar. Sua mensagem ao governo americano é um documento terrível. Mensagem de
homem corajoso e inteligente, testemunha atônita e desesperada da agonia e do
fim de seu povo. Ele fez o que era possível para salvá-los. Mas não era
possível salvá-los.
A enorme superioridade dos brancos não era
militar. Era econômica. Os brancos podiam dar-se ao luxo de perder não um, mas
mil combates “decisivos”. Eles nunca
seriam realmente decisivos. Os fazendeiros que estavam ocupando a terra e
empurrando os índios para fora dela podiam ser massacrados, individualmente,
com suas famílias (e o eram, com certa regularidade). Mas atrás deles vinham
outros e mais outros. E a cada ataque dos índios o exército americano podia
responder, mesmo com atraso, por meio de represálias devastadoras. Os índios
nem sequer imaginavam a extensão do exército americano, a força armada de uma
nação que podia dedicar parte de seus homens exclusivamente à guerra, porque a
agricultura produzia muito mais alimentos que a caça. Os índios, para combater
os brancos, eram obrigados a usar os fuzis que compravam dos brancos. Não
podiam sequer enfrentá-los dependendo de si próprios. Os selvagens nômades
seriam inevitavelmente derrotados
pela superioridade de meios do sistema industrial, que possibilita a existência
de populações maiores, com setores especializados, (fazendeiro, operário,
soldado), e possui uma gigantesca capacidade de produção.
Napoleão também lutou contra uma
desvantagem econômica e foi submergido por ela. Mas a desvantagem ocorria
dentro do mesmo tipo de economia e por isso era muitíssimo menor. Ele teve
melhores condições para aplicar sua capacidade pessoal que o índio. A
desvantagem inicial a qual Cavalo Louco lutou era tão grande que ele nem podia
compreendê-la totalmente.
Mesmo que seus dotes mentais fossem os
mesmos de Napoleão (e dificilmente um chefe selvagem poderia se equiparar a um
general francês do século XVIII), ainda assim os resultados não teriam sido
diversos. Sua possibilidade de usar esses dotes para manobrar os fatos era tão
reduzida pela situação objetiva que ele só teria podido deter o curso dos
acontecimentos num certo lugar e por alguns efêmeros dias, como ocorreu. Era
inevitável que a agricultura e a indústria americanas tomassem as pradarias.
Alguém poderia herdar o império de
Alexandre?
Alexandre conquistou um império colossal.
Tão colossal que era formado por várias unidades econômicas diversas. Península
grega, Império Persa, Egito e vale do Indo. Essas áreas comerciavam entre si,
sem dúvida, mas eram economicamente auto-suficientes. O pequeno comércio entre
elas não precisava de uma unidade
política para manter-se. Algumas dessas áreas já tinham possuído,
anteriormente, certa coesão imposta de fora por meios militares. Egito e
Assíria já se tinham dominado mùtuamente. Mas como estas eram puras relações de
pilhagem, em pouco tempo, mal a supremacia militar do pilhador se enfraquecia,
o pilhado se libertava e as unidades políticas voltavam a coincidir com as
unidades econômicas e culturais da região.
O império de Alexandre é, de certa
maneira, a prefiguração do que será a unificação romana. Mas, quando os romanos
iniciam sua tentativa, as condições do Mediterrâneo são outras. Além disso, a
conquista romana, ocorrendo aos poucos, permitiu duas coisas: a consolidação
dos laços econômicos e políticos entre Roma e as províncias, e a formação de
uma sólida administração imperial nas províncias. Alexandre nunca teve um
aparelho administrativo próprio. Usou os que encontrava no local. Seu império
não tinha unidade econômica e política, nem podia tê-la. Foi uma tentativa
prematura, mesmo sem considerar que ele incluiu regiões que os próprios romanos
nunca conseguiram unificar (como o vale do rio Indo).
Alexandre coligou politicamente as regiões
de seu império por meios militares. Mas, quando morreu, os vários generais que
disputaram o poder apoiaram-se justamente sobre os interesses locais, uns
contra os outros. Assim Ptolomeu baseou-se nos interesses do Egito, que não
tinha motivo algum para pagar tributos a um governo central que nada podia lhe
oferecer. E Ptolomeu, de general grego, virou faraó (Cleópatra foi sua
descendente).
Alexandre, Napoleão e Cavalo Louco, em
condições diferentes, culturas diferentes e biografias diferentes, tiveram algo
em comum: tentaram manter, por meios militares, sistemas políticos que tinham
contra si as mais fortes tendências econômicas da época.
Hitler era o destino?
Cavalo Louco foi um chefe de selvagens.
Alexandre, um chefe de tribos agrícolas. Hitler aparece numa grande nação
industrial moderna. As condições necessárias, indispensáveis ao seu
aparecimento, são a crise mundial do começo dos anos trinta, que pauperizou
milhões de homens na Alemanha, produzindo um altíssimo índice de desemprego; o
desespero em que o Tratado de Versalhes lançara os alemães; e a necessidade que
a indústria pesada germânica tinha de encontrar mercados para seus produtos.
(Estas são ao menos as condições principais, sobre as quais muitos
historiadores estão de acordo.)
As causas específicas para Hitler, as que
permitiram a ele – e não a outro político – assumir a direção da Alemanha em
crise são, como nas demais, biográficas: sua habilidade em descartar outros
líderes nacionalistas (ou absorvê-los em seu partido), sua capacidade de
organizar e liderar políticos eficientes, sua rapidez em prever os movimentos
dos adversários. Por esse conjunto de causas necessárias e suficientes, Hitler
chega ao poder. E quando o atinge, ele próprio, como Napoleão, torna-se uma das
causas da história que vive. Sua perspicácia tem influência decisiva na
condução da guerra, na escolha dos exércitos e dos momentos de ataque. Mas,
como os outros personagens mencionados, ele também luta contra as tendências
econômicas de sua época.
Desde o início, a expansão alemã baseia-se
numa capacidade de produção inferior à de seus adversários. Em 1939, Alemanha e
União Soviética dispõem de uma produção equivalente e de exércitos
equivalentes. Os ingleses contam com os recursos econômicos de um enorme
império. Os Estados Unidos possuem o maior parque industrial do mundo e uma
tremenda capacidade de produção, que, utilizada na fabricação de armamentos,
cobrirá o céu de aviões. Já os sócios que Hitler arranjou são nações
economicamente fracas, que têm exércitos muito maiores do que suas economias
poderiam sustentar por muito tempo.
Mesmo se os aliados são de início
surpreendidos pela agressividade militar dos membros do Eixo, o tempo trabalha
a seu favor, enquanto só enfraquece Hitler. Como no caso de Napoleão, a longo
prazo. Hitler só podia perder a guerra. E, como Napoleão, Hitler é um bom
exemplo para analisar o quanto as capacidades de um chefe podem permitir,
momentaneamente, que uma tendência histórica mais fraca supere outras mais
fortes.
O confronto Hitler-Stálin
Em igualdade de condições militares e
econômicas, Hitler impôs uma derrota militar à URSS. Sua principal habilidade
foi enganar o adversário com tratados, enquanto liquidava a Europa ocidental, e
tirar proveito da crise interna que ensanguentava o Estado rival. Chegou mesmo
a intervir nela. Quando Stálin liquidou os melhores generais soviéticos, Hitler
fez seu serviço secreto fornecer a Stálin provas forjadas contra eles. Quando,
finalmente, terminou a campanha da Europa e lançou todo o seu exército contra a
União Soviética, Hitler encontrou um adversário adormecido e militarmente decapitado.
A explicação da tremenda derrota inicial do exército russo – quase 1 milhão de
prisioneiros e um terço do território perdido – não pode ser encontrada nas
condições gerais da economia e no potencial militar de ambos, que estavam
equilibrados, mas na qualidade política das duas chefias.
Pode-se, entretanto, concluir disso que os
alemães obtiveram sua vitória apenas porque seu chefe era mais competente na
direção da guerra? Essa afirmação é verdadeira, mas a explicação profunda,
histórica, deve ser procurada nas origens da competência dos dois. Stálin não
decapitou seu exército num capricho de déspota enlouquecido. Foi uma
necessidade para que ele e sua facção se mantivessem no poder. A liquidação de
40.000 oficiais era uma condição necessária a esse tipo de liderança,
porque o assassinato em massa de todos os possíveis opositores foi o único
método que Stálin e seu grupo puderam usar para manter-se no poder. A perfeita
competência de Stálin para livrar-se de seus inimigos internos levava à
“incompetência” na luta contra os inimigos externos. Mesmo assim, talvez outro
líder não tivesse arriscado a tal ponto a segurança do Estado, nem teria sido
ingênuo a ponto de acreditar num pacto com Hitler. (Os alemães já haviam
atravessado a fronteira há dois dias e Stálin declarava aos estupefatos
marechais soviéticos que não se devia contra-atacar porque era tudo um equívoco,
escaramuças de fronteira...)
Depois do grande homem
Afinal, pode-se concluir que ambas as
posições discutidas tinham algo de correto. A história faz o grande homem, e
este, em certa medida, faz a história.
Todo grande personagem só o é porque
exprime – pessoalmente - as necessidades religiosas, culturais, políticas,
econômicas, militares, científicas, de milhões de outros. Ele se destacará
porque, melhor que os concorrentes dentro da mesma tendência, soube exprimir,
formular, organizar e comandar essas necessidades. Mas as necessidades
coletivas são anteriores a ele. São pré-requisito necessário para a sua ação.
O que chamamos de condições gerais de uma
época constitui sempre um emaranhado
de tendências e interesses complementares e opostos, alguns mais fortes, outros
mais fracos. As condições gerais da época em que surgiu Cavalo Louco incluíam
as necessidades dos índios, às quais ele tentou responder, e as necessidades da
expansão da indústria e da agricultura americanas. Entre as duas tendências,
esta era a mais forte. A tendência ao particularismo local no império de Alexandre
era maior que à centralização. Napoleão e Hitler também enfrentaram correntes
mais fortes do que as que chefiavam e foram vencidos. A tendência mais forte da
época acaba se impondo, apesar do
mais talentoso e capaz dos líderes.
Mas, em condições de inferioridade de
forças, um chefe capaz, cercado de outros chefes capazes, pode por um instante
deter, e mesmo inverter, o curso dos acontecimentos. Só poderá fazê-lo,
entretanto, pelo tempo que os recursos materiais e morais de sua tendência não
se esgotarem. De qualquer maneira, ele depende dela.
O grau de liberdade de que dispõe depende
de duas coisas. Da relação de forças entre sua tendência e as outras. (Cavalo
Louco dispôs de pouquíssima liberdade; Napoleão, de muita.) E da sua capacidade
de dirigir com eficácia o potencial de sua tendência. (Hitler aproveitou-o ao
máximo; Stálin, não.)
A combinação desses fatores em todos os
personagens analisados pelos historiadores realizou-se em graus diversos.
Pode-se dizer que a influência do grande personagem na história é uma variável
e não uma constante. A fórmula algébrica é a mesma, porém o resultado numérico
cada vez é diverso.
Enganava-se Acton ao querer desviar a
atenção dos historiadores e do público do estudo das biografias dos grandes
personagens. É possível compreender a história através das biografias dos
grandes homens porque é impossível compreender a biografia dos grandes homens
sem compreender a história.
SÃO OS HERÓIS QUE FAZEM A HISTÓRIA? é o prefácio do primeiro volume da coleção encadernável em fascículos GRANDES PERSONAGENS DA HISTÓRIA UNIVERSAL.
Editor: VICTOR CIVITA.
Copyright Mundial 1970- ARNOLDO MONDADORI EDITORE, Milão, Itália.
Copyright para a língua portuguesa 1970: ABRIL S.A. CULTURAL E INDUSTRIAL.
Diretor de Publicações: Roberto Civita
Diretor da Divisão Fascículos: Pedro Paulo Poppovic
Diretor Editorial de Fascículos: Ary Coelho
CONSELHO EDITORIAL
Diretor: Elizabeth di Cropani
Secretário: Andréas Max Pavel
Arte: Carlos Alberto Lozza (chefe) e Michael Beckwith Hiltner
Editoria de texto: Gabriel Trajan Neto e Carlos Eduardo Silveira Matos
Pesquisa: Heloísa Goulart Jahn e Cassiano Marcondes Rangel Filho
SÃO OS HERÓIS QUE FAZEM A HISTÓRIA? é o prefácio do primeiro volume da coleção encadernável em fascículos GRANDES PERSONAGENS DA HISTÓRIA UNIVERSAL.
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Pesquisa: Heloísa Goulart Jahn e Cassiano Marcondes Rangel Filho
fi...concordo...apenas lembrando que sem o apoio das massas nenhum deles teria conseguido coisa alguma ...portanto todos nós também fazemos parte da historia ...obvio que uns mais do que outros mas todos fem algum momento fizeram a sua parte.
ResponderExcluirabração fela
Adauto,
ResponderExcluirGostei muito do seu texto e gostaria de saber a fonte...Você sabe quem escreveu esse artigo?
Se souber gostaria que postasse aqui nos comentários
Obrigado!
Anônimo,
ResponderExcluirLamentavelmente não há na edição original nenhuma menção ao, ou aos, autores dos textos. Creio que o prefácio deve ter acompanhado a evolução da distribuição. Sendo assim, provavelmente, o texto deve ter sua autoria ligada aos editores originais, italianos, e não aos senhores responsáveis pela editoria de texto indicados nos créditos da publicação brasileira.
Desculpas pelo imperdoável erro da omissão dos créditos, tão relevantes para mim e assinalado como ato corriqueiro nos créditos do blog.
Ainda hoje pretendo incluir imagens existentes na edição original.