No dia 8 de julho de 1808, o Times de Londres informava: "Temos
informações críveis de que há uma máquina a vapor preparando-se agora para
correr contra qualquer égua, cavalo ou capão que possa aparecer no próximo
encontro de outubro em Newmarket; no momento, as apostas estão fixadas em 10
mil libras; a máquina é a favorita". "A mais assombrosa máquina jamais
inventada", exclamava o Observer
na semana seguinte, "ela galopa de quinze a vinte milhas por hora em
qualquer circuito". Nas semanas subsequentes, os excursionistas podiam
satisfazer a curiosidade observando a miraculosa máquina, inventada pelo
engenheiro da Cornualha e entusiasta do vapor Richard Trevithick, que fazia
viagens experimentais sobre um trilho adiante da Rua Gower, no norte de Londres;
se fossem suficientemente intrépidos, poderiam até embarcar para um passeio. O
cartão de entrada para a linha férrea de Trevithick exibia o lema da máquina —
"Alcance-me quem puder" — e jactava-se de "potência mecânica
subjugando a velocidade animal".
A prometida corrida de Newmarket jamais
aconteceu: os trilhos saíram do lugar no solo lamacento da Rua Gower, a máquina
descarrilou e bateu. Mas àquela altura, testemunhas oculares como John Isaac
Hawkins já tinham percebido as qualidades do engenho. "Andei, com o
relógio na mão, à velocidade de doze milhas por hora (...) Mr. Trevithick
deu-me então sua opinião de que andaria a vinte milhas por hora, ou mais, numa
via reta". O inventor conseguira o que queria: o público estava
impressionado. A máquina era, com efeito, a "favorita".
Os jogadores que apostaram tanto na
locomotiva de Trevithick e as multidões que acorreram para ver suas exibições
em Londres já tinham larga experiência da capacidade da "potência
mecânica": no início do século XIX, a Inglaterra vivia um período de
mudanças drásticas — às vezes, dilacerantes — à medida que os avanços
tecnológicos dos cem anos anteriores eram incorporados à economia da nação, com
resultados explosivos.
A Grã-Bretanha industrial estava em
marcha, com sua quietude rural rompida pelo barulho das novas fábricas, sua
noite iluminada pelo fulgor estranho das fornalhas, sua paisagem cruzada por
canais, túneis e imensas pontes. As chaminés lançavam fumaça aos céus; em torno
delas, amontoavam-se novas vilas e cidades, formigantes de membros de uma nova
classe trabalhadora industrial. Em poucas décadas, os sucessores de Trevithick
criariam uma rede ferroviária que cobriria a nação e aproximaria metrópole e
províncias. Na metade do século, o domínio comercial britânico estaria
estabelecido, com seus bens manufaturados presentes em toda a Europa, nas
Américas e em seu novo e crescente império.
Junto com os triunfos, porém, viriam as
atribulações. A mais próspera sociedade que o mundo jamais vira seria
construída sobre o sofrimento de homens, mulheres e crianças que trabalhavam um
número estarrecedor de horas em condições indescritíveis, viviam amontoados em
porões e cortiços imundos e insalubres e passavam fome durante periódicas
recessões. Apesar disso, as realizações da Grã-Bretanha provocavam a inveja do
mundo e, à medida que o século avançava, outras nações lutariam para imitar a
"Revolução Industrial" dela — e, se possível, superá-la.
Empoleirada na costa noroeste da Europa
continental, a Grã-Bretanha poderia parecer um cenário improvável para tais
mudanças. Londres, sua capital, era um agitado centro de comércio com o
continente e as colônias britânicas da América do Norte e do Caribe. Mas para
além dos limites da cidade, estendiam-se os condados agrícolas do sul da
Inglaterra e East Anglia, pontilhados por pequenas e sonolentas vilas e aldeias
onde, em 1700, a vasta maioria dos cinco milhões de habitantes da Inglaterra
trabalhava o solo, como vinha fazendo havia séculos. Mais adiante, o interior
ficava mais selvagem, mais esparsamente habitado, com vastas regiões de terras
incultas e pântanos, tanto na direção do País de Gales como para o norte, onde
os montes Peninos dividiam o país entre leste e oeste, até a fronteira
escocesa.
Embora selvagens, essas regiões tinham
seus recursos. Durante séculos, o ferro fora extraído e fundido por pequenos
grupos de carvoeiros que labutavam nos vales do sul do País de Gales, no oeste
das Midlands e nas encostas do sul dos Peninos. As charnecas encharcadas do
norte e boa parte de West Country, regiões áridas demais para sustentar gado ou
trigo, mostraram-se ideais para a criação de ovinos. Ali, os camponeses
montaram suas próprias indústrias de pequena escala, fiando e tecendo lã em
suas casas. E os habitantes do condado de Lancashire, no lado ocidental dos
Peninos, descobriram que seu clima úmido era favorável à fiação e tecelagem dos
fios de algodão quebradiços importados do Mediterrâneo.
No início do século XVIII, essa atividade
industrial ainda engatinhava e pouco contribuía para diminuir a importância da
agricultura na economia britânica. Mas mesmo nas regiões mais prósperas do
sudeste, o campo dava pouco mais que a subsistência para a população existente.
Padrões totalmente idiossincráticos de uso da terra, desenvolvidos desde os
tempos medievais, tinham feito da paróquia típica uma colcha de retalhos
anárquica de pequenos lotes, sem cercas e marcados apenas por pedras de limite.
As posses maiores quase sempre não eram contínuas, mas espalhadas em torno do
distrito. Os camponeses e pequenos agricultores que cultivavam essas terras
também tinham geralmente o direito de pastorear os poucos animais que tivessem
e colher combustível nas extensas áreas de terras comunais, existentes em todo
o país. As famílias mais pobres não tinham posse alguma, mas arrancavam a
subsistência das terras comunais, onde construíam suas choupanas. Pouco se sabia
sobre o uso de fertilizantes ou criação científica. E uma vez que a maioria dos
animais era abatida a cada outono por falta de alimento no inverno, não se
constituíam grandes rebanhos; bois e porcos dificilmente atingiam tamanho
melhor.
Qualquer região que conseguisse produzir
um excedente defrontava-se então com o problema de transportar seus produtos
para possíveis compradores: as estradas estavam em pior condição do que sob a
ocupação romana, 1 500 anos antes. Na maior parte do ano, eram rios de lama
impraticáveis para veículos sobre rodas. Em 1731, um certo John Metcalf apostou
corrida com o coronel Liddell, de Londres a Harrogate, no condado nortista de
Yorkshire. Apesar de ser cego e andar a pé, Metcalf fez o percurso em seis
dias, chegando dois dias antes do coronel, que viajava de coche. Havia gente
que se afogava nos buracos de East Anglia e as estradas em torno da cidade de
Lincoln acabaram-se de tal forma que se construiu um farol para orientar os
viajantes noturnos. Era muito difícil obter dinheiro para melhoramentos na
agricultura ou nas comunicações numa época que não reconhecia outra forma de
moeda senão o dinheiro vivo. Era um sistema que condenava a economia a uma
inatividade indolente.
No
decorrer do século XVIII, porém, muito mudou quando donos de terras "melhoradores"
abandonaram as práticas agrícolas tradicionais. A criação seletiva produziu
novas variedades de animais que cresciam mais e mais rápido. Em 1710, a ovelha
vendida no mercado Smithfield de Londres pesava, em média, 17 quilos; em 1795,
esse peso havia mais que duplicado. Desenvolveram-se outras raças de ovinos
para fornecer uma lã mais longa e grossa e as novas vacas davam mais leite e
carne.
Novas variedades de pasto, junto com
tubérculos recentemente introduzidos, como o nabo, forneciam forragem que
permitia a sobrevivência dos animais durante o inverno. A agricultura melhorou
com a popularização do "sistema de Norfolk", desenvolvido ao longo de
gerações pelos fazendeiros daquele condado, que conseguiam tirar o melhor do
solo através do uso intenso de esterco e outros fertilizantes e da eficiente
rotação de culturas, alternando as safras de cada campo e dando à terra
descansos periódicos. "As grandes fazendas são a alma da cultura de
Norfolk", observou o panfletista Arthur Young, principal defensor das
novas técnicas. Os melhoradores partilhavam dessa opinião e a aristocracia e
pequena nobreza fundiária que dominavam o Parlamento começaram a aprovar leis
de cercamento (enclosure) que
reorganizavam as paróquias para formar posses maiores, ao mesmo tempo em que
cercavam as terras comunais como propriedade do terratenente local. Uma legislação
como essa tinha sido defendida a intervalos durante séculos, mas na segunda
metade do século XVIII sua frequência aumentou muito: a década de 1740 trouxe
64 leis de cercamento; a de 1800, 574.
A nova ordem agrícola apresentava
possibilidades excitantes para aqueles em posição de tirar vantagem dela, mas
não tinha lugar para o pequeno agricultor. Era preciso um investimento pesado
em fertilizantes e maquinaria e grandes extensões de terra para um cultivo
eficiente. Embora os que tivessem perdido terras e direitos comunais ganhassem
alguma compensação com as novas leis, havia poucos que podiam pagar pelos
aluguéis mais altos que os novos terrenos requeriam. Muitos foram forçados a se
tornarem assalariados onde antes tinham sua própria terra; outros ficaram
desempregados. Com frequência, comunidades rurais inteiras foram destruídas
pelos cercamentos. A vida no campo, que jamais fora idílica, tornava-se insuportável.
Em 1800, até mesmo Arthur Young já estava perdendo um pouco de seu entusiasmo
pelos cercamentos. Naquele ano, uma visita à choupana de um sem-terra fez muito
para enfraquecer seu ardor. "Numa cama em que mal caberia um porco",
relembrou ele, "estava a mulher muito doente e gemendo; ela caíra recentemente
de cama e seu filho jazia morto no berço; meu coração desfaleceu diante de
tanta miséria e de um quarto tão escuro, frio e desgraçado".
Apesar dessa desgraça, a população da
Grã-Bretanha estava aumentando, nutrida pelo fornecimento de alimentos melhores
e mais confiáveis. Em 1801, Inglaterra e País de Gales já tinham mais de nove
milhões de habitantes. A agricultura florescia e a prosperidade resultante
espalhava-se por diferentes setores da sociedade; os grandes terratenentes
estavam mais ricos do que nunca e a abastança deles ajudava a enriquecer
médicos, advogados, corretores de terras e lojistas das cidades.
Em todo o país surgiu uma rede de bancos e
companhias financeiras atrás da nova riqueza agrícola. O Banco da Inglaterra,
fundado em 1694 a fim de levantar fundos para reduzir a dívida nacional,
tornara-se aos poucos o agente regulador da economia britânica. Ele agora
coordenava o que estava se tornando, apesar das diferenças locais e
ineficiências, um sistema bancário nacional. Só na Inglaterra, havia mais de
cem bancos, em 1784. Dez anos depois, esse número triplicara.
Crescia também a popularidade de novos
instrumentos financeiros; havia menos suspeitas quanto ao crédito, e ações e
participações de vários tipos começavam a proliferar, dando mais flexibilidade
aos negócios. A bolsa de valores, fundada num café de Londres em 1762 como um
clube comercial informal para negociantes de ações, crescera a passo acelerado.
Em 1800, já era uma instituição nacional respeitada. Para os mais espertos,
havia enormes fortunas a fazer no mundo das finanças e a especulação na bolsa
de valores tornou-se uma espécie de esporte nacional, praticado por todos os
cidadãos, exceto os mais humildes. Alguns ficaram ricos da noite para o dia;
muitos perderam tudo o que tinham. Entrementes, acumulava-se capital para
reinvestimentos.
Empréstimos bancários e individuais
ajudaram a melhorar as estradas no final do século XVIII, quando engenheiros
como Thomas Telford e John MacAdam descobriram maneiras de fazer leitos firmes
e duráveis que ficavam estáveis sob mau tempo. Empresas construíram estradas
privadas, usando o pedágio para fazer uma manutenção constante. Os tempos de
viagem diminuíram impressionantemente: a jornada de diligência de Londres a
Carlisle, que demorava quatro dias e meio em 1750, passou a levar apenas três
dias em 1773. Muito do dinheiro economizado pelos mais ricos alimentava a
construção de um sistema fluvial. O uso de canais, introduzido em 1761,
disseminou-se rapidamente. Os motivos econômicos a favor deles eram simples:
enquanto oito cavalos eram necessários para puxar uma carroça de 6 toneladas em
terra, um único animal podia rebocar uma barcaça de 25 toneladas. Nos primeiros
anos do século XIX, milhares de quilômetros de canais já atravessavam o país,
ligando todos os rios e cidades principais.
O capital disponível podia também
financiar a nascente indústria nacional. Na segunda metade do século XVIII,
quando as antigas colônias americanas amadureceram e guerras ultramarinas
trouxeram a Índia e a América do Norte para o aprisco imperial, os empresários
britânicos descobriram um vasto mercado para seus bens manufaturados. Esse
fato, junto com a demanda doméstica dos fazendeiros ricos e de uma população rural
em expansão, deflagrou uma febre de atividade comercial. Ao mesmo tempo, a
produtividade aumentou graças a uma série de avanços tecnológicos. O tear
mecânico de Edmund Cartwright, introduzido em 1785, foi apenas um de uma série
de inventos que contribuíram para aumentar a produção de algodão. E o forno de
revérbero desenvolvido por Henry Cort permitiu, a partir de 1784, o processo
conhecido como "pudlagem" — revolvimento do metal fundido em altas
temperaturas para eliminar as impurezas — tornando assim possível pela primeira
vez a produção em massa de ferro batido de alta qualidade.
Demanda em alta; financiamento disponível;
transporte de carga, barato; uma reserva crescente de mão-de-obra; avanço tecnológico.
Foram estes os sustentáculos do crescimento industrial britânico. Mas acima de
tudo, a prosperidade da nação veio da bem-sucedida utilização da energia do vapor.
Desde o século XVII que se realizavam experiências com máquinas a vapor; já então,
os cavalheiros com inclinação científica reconheciam a força propulsiva do
vapor confinado em espaço pequeno. A colaboração de um desses amadores, o
capitão Thomas Savery, de Londres, com o ferreiro de West County, Thomas
Newcomen, conseguira levar a máquina do laboratório para o lugar de trabalho já
em 1712. Mas foi o engenheiro escocês James Watt que, em 1773, praticamente
reinventou a energia do vapor numa série de máquinas cada vez melhores. Quase
cinco vezes mais potente que a máquina primitiva de Newcomen, e muito mais
maleável, a máquina de Watt deixou as vantagens do vapor óbvias demais para
serem ignoradas. Desenvolvidos na fundição de Matthew Boulton, patrocinador de
Watt, esses engenhos faziam funcionar teares mecânicos, laminadores, martelos
mecânicos e bombas, de forma barata e continuamente. Pela primeira vez, a
manufatura era possível numa escala de fato industrial.
Entre os primeiros que se beneficiaram das
vantagens da máquina a vapor estavam os barões têxteis do norte. Os avanços
técnicos já tinham tornado possível a construção de manufactories, ou factories
("fábricas"), como ficaram conhecidas, onde multidões de operários
labutavam em um único prédio com várias máquinas movidas pela mesma fonte de
energia central. Mas a indústria até então dependia da energia hidráulica e,
portanto, estava severamente limitada em escala e escolha de lugar. Agora, as
máquinas de Boulton e Watt davam aos industriais a flexibilidade de explorar
até o limite seus sistemas mecânicos.
Eles não estavam sozinhos no
aproveitamento das chances. Inovadores de todos os campos logo perceberam as
possibilidades excitantes apresentadas pela nova tecnologia e apressaram-se em
usá-la. O manufator de ferro John Wilkinson demonstrou as vantagens do ferro
barato de alta qualidade ao construir, em 1779, a primeira ponte de ferro do
mundo; mais tarde, ele fez barcaças, uma capela e — por fim — seu próprio
caixão com esse material. E fortunas colossais foram acumuladas por homens como
Samuel Whitbread, o magnata da cerveja, e Josiah Wedgwood, de Staffordshire,
que introduziu a energia a vapor na produção de artefatos de cerâmica.
Em 1801, a Grã-Bretanha já exportava mercadorias
de uma qualidade sem precedentes. Naquele ano, cerca de dois milhões de
toneladas de produtos partiram dos portos ingleses — mais do que o triplo do
volume de quarenta anos antes. Mas a essa altura, o país também estava em guerra
contra Napoleão Bonaparte, que conquistava a Europa com suas tropas.
Nos catorze anos seguintes, a nação suportou
um conflito quase constante. Mas enquanto a guerra pode ter sido árdua para os
que estavam no front, para os industriais
britânicos foi uma dádiva. Apesar do domínio em terra de Napoleão, a Real
Marinha britânica controlava os mares, não só protegendo o reino insular de uma
invasão, como também mantendo as vias marítimas abertas para as exportações.
Foi também a marinha que fez cumprir os decretos reais declarando a França e
seus aliados em estado de bloqueio e permitindo que os neutros negociassem com
o inimigo apenas quando levavam bens britânicos e pagassem tributos sobre suas
cargas. Além de defender o país, as forças armadas britânicas davam às jovens
indústrias um ambiente seguro para crescer.
Por outro lado, as vitórias militares
expandiam o império britânico. As possessões francesas no Caribe e no
Mediterrâneo logo entraram para o mercado cativo imperial. E quando a França
ficou com a Holanda, os territórios desta última na África meridional e na Ásia
foram prontamente tomados pelos ingleses. O crescimento da demanda das colônias
ajudou a compensar o declínio do comércio com a Europa continental, apertada
por sanções econômicas francesas. Mesmo assim, quando as tropas de Napoleão chegaram
a Moscou, em 1812, foram sobretudo ingleses que as protegeram do inverno russo.
Armas, distintivos e botões, botas e
uniformes, martelos, pregos, potes, panelas e machados partiam num fluxo
aparentemente inexaurível dos portos britânicos. A estonteante combinação de
guerra e boom manufatureiro inflamou
todos os aspectos da vida econômica da nação. A produção agrícola engordou,
animada por preços altos; mineiros cavaram mais fundo em busca do carvão que
movia um número sempre crescente de máquinas a vapor; e fundições de ferro
gigantescas surgiram no sul do País de Gales, Yorkshire e na "Região
Negra" das Midlands, onde quer que carvão e ferro fossem encontrados
juntos, iluminando a noite com seu clarão lúgubre. Havia anos, é verdade, em que
as colheitas fracassavam, ou a demanda diminuía inexplicavelmente, mas no
conjunto a economia ficava mais forte e a riqueza começava a filtrar-se para
baixo na escala social.
Poucos prosperaram tanto quanto os
"lordes do algodão" do norte. O algodão cru, importado das plantações
escravagistas do sul dos Estados Unidos através do porto de Liverpool,
transformava-se rapidamente em tecido. Em 1800, cerca de 56 milhões de libras
esterlinas de algodão chegaram aos cotonifícios britânicos; dez anos depois, essa
cifra alcançava 123 milhões. Tecido leve, fácil de lavar e bom para tingir e
imprimir padrões, o algodão encontrou o mercado doméstico aberto e, o que é
mais importante, alta aceitação nas terras quentes do império oriental
britânico.
O processo de produzir tecido a partir do
algodão cru nunca fora simples. Sua cápsula ou casulo tinha de ser aberta e
espalhada, depois as fibras tinham de ser limpas e separadas das sementes e
penteadas antes de serem enroladas, primeiro em fio grosseiro, depois em linha fina.
Apesar da complexidade, em todos esses processos a mão-de-obra humana podia
agora ser substituída por máquinas. Como escreveu um observador mais tarde:
"É com dedos, dentes e rodas de ferro, movendo-se com energia inexaurível
e velocidade devoradora, que o algodão é aberto, limpo, espalhado, cardado,
esticado, torcido, fiado, enrolado, urdido, alisado e tecido".
Essa era a força do sistema fabril, que substituía
a mão-de-obra habilidosa de uma ampla força de trabalho pela supervisão de umas
poucas mãos operando diversas máquinas movidas por uma única fonte de energia.
Ainda eram precisos homens e mulheres para ver se as máquinas estavam funcionando
direito e seus filhos pequenos eram necessários para entrar embaixo do maquinário
a fim de remover bloqueios e limpar as partes mais inacessíveis. Mas como
fiandeiros e tecelões, os humanos estavam ficando obsoletos e, com a morte dos
velhos ofícios, uma nova classe "operária", ou proletariado
industrial, começou a tomar forma, engrossada pelo fluxo de gente que fugia das
agruras da terra. As atitudes e valores dessa classe viriam a diferir muito
daquelas dos antigos camponeses pobres.
Horas longas e trabalho duro não eram
novidade para os pobres, mas os que trabalhavam na terra tinham pelo menos
períodos mais folgados. No inverno, a falta de luz diminuía o número de horas
em que era possível trabalhar. E os que teciam em casa podiam até certo ponto
estabelecer seus próprios horários.
Agora, o ritmo de trabalho era invariável
e inflexível, com os proprietários querendo maximizar a produção de suas novas
e caras máquinas. Os operários — homens, mulheres e crianças — labutavam até
quinze horas por dia, com poucas pausas rigorosamente controladas. Os horários
rígidos eram impostos com multas e, no caso das crianças, espancamentos, por
qualquer atraso ou erro no trabalho. Com muita frequência, esse regime
resultava em brutalidade desnecessária. O jovem aprendiz Robert Blincoe, cujas
memórias foram publicadas mais tarde, contou como seu couro cabeludo ficou
infectado de tanto receber golpes na cabeça. Ele foi então "curado":
derramaram piche quente sobre o couro cabeludo que quando esfriou, formando uma
camada sólida, foi arrancado, levando junto todos os cabelos.
A iluminação a gás, instalada nas fábricas
pela primeira vez em 1805, significava que a duração do dia de trabalho era
agora ditada pelo homem, não pela natureza. A iluminação artificial permitia
que as horas de trabalho fossem esticadas até o limite e, amiúde, para além
dele. As figuras deformadas daqueles que labutavam na indústria têxtil davam um
testemunho horroroso dos longos dias passados em movimentos repetitivos e
incessantes que envolviam o uso de todos os membros. Um menino de 15 anos de
Bradford, deformado permanentemente por mais de dez anos de lanifício, tinha
apenas 1,14 metro de altura. Ele trabalhara em turnos de catorze e quinze horas
e ficara "com meus joelhos dobrados de ficar tanto tempo em pé", como
explicou a uma comissão de inquérito. Sir James Kay-Shuttleworth, inspecionando
as condições em Manchester, observaria mais tarde: "Enquanto as máquinas
funcionam, as pessoas devem trabalhar — homens, mulheres e crianças estão jungidos
ao ferro e vapor. A máquina animal (...) está acorrentada à máquina de ferro,
que desconhece sofrimento ou cansaço".
Sob essas condições desenvolvia-se amiúde
um espírito coletivo de disciplina e militância e um senso de injustiça muito
forte. Nem todos sofriam as agruras da vida em um cotonifício. Nos ramos da
metalurgia, cerâmica e couro, por exemplo, prevaleciam tradições diferentes e
as condições eram geralmente melhores. Mas em todas as novas indústrias, os
empregados podiam perceber claramente que eram explorados, enquanto os patrões
enriqueciam a olhos vistos. Em consequência, desde a metade do século XVIII, os
operários especializados vinham formando combinações — antepassados dos
sindicatos modernos — para negociar, com greves se necessário, melhores
salários e condições de trabalho. E em 1793, fora concedido o reconhecimento
legal para as sociedades de amigos dos trabalhadores que, em troca de uma
subscrição paga semanalmente, sustentavam o membro em tempos de doença e
desemprego, ou pagavam o funeral.
Enquanto as sociedades de amigos
floresciam, as combinações logo se defrontaram com dificuldades. Os patrões se
indignavam por ter de pagar salários mais altos e o Parlamento via as
associações com suspeita, considerando-as uma possível fonte de agitação
política. A Revolução Francesa de 1789, que resultara na derrubada da monarquia
e na posterior execução de milhares de aristocratas, ainda estava presente nas
mentes dos governantes britânicos. Dessa forma, o governo baixou as Leis da
Combinação de 1799 e 1800, proibindo esses agrupamentos. A legislação era devastadora
e ocorreram processos frequentes. Apesar disso, os operários continuaram a se
unir e lutar por condições melhores. Muitas combinações sobreviveram com o
expediente de se disfarçarem de sociedades de amigos. Uma delas, a Associação
dos Fiandeiros de Algodão, pôde até organizar uma greve em Manchester, em 1810,
desembolsando 1 500 libras por semana para sustentar o movimento.
Para muitos trabalhadores, no entanto,
condições melhores dentro das fábricas não representavam refrigério. Os
milhares de tecelões manuais de Lancashire e Yorkshire sempre se ressentiram da
chegada das máquinas, sabedores de que elas reduziriam a importância deles e
levariam ao desemprego e salários baixos. Já no século XVII, as tentativas de
avanço tecnológico tinham encontrado resistência, quando tecelões de Londres
quebraram teares holandeses que prometiam aumentar a eficiência. E explosões
periódicas de destruição de máquinas continuaram a ocorrer, com intensidade
crescente, ao longo do século XVIII.
Na
revolta luddita de 1812, a hostilidade à nova tecnologia atingiu seu ápice.
Batizados, ao que consta, com o nome do aprendiz das Midlands, Ned Ludd, que
atacara com martelo um tear — não em ato consciente de resistência, mas com
raiva por ter sido espancado pelo patrão —, os "ludditas"
levantaram-se contra os patrões e o sistema fabril. Grupos organizados
destruíram o equipamento têxtil fabril e atacaram as casas dos patrões. Um
industrial, que expressara o desejo de andar com seu cavalo com sangue luddita
até a barrigueira, foi morto. Mobilizaram-se tropas e deram-se poderes totais a
magistrados numa lufada legiferante que colocou boa parte do norte da
Inglaterra sob virtual lei marcial. A revolta repercutiu em todo o país antes
que fosse finalmente sufocada em janeiro de 1813 e dezessete de seus cabeças,
enforcados.
Até mesmo para aqueles que encontravam um
lugar no sistema fabril não havia garantia de que o trabalho duraria; às
temporadas de crescimento da nova economia seguiam-se períodos de recessão e
desemprego. Em 1815, quando britânicos e prussianos derrotaram Napoleão na vila
belga de Waterloo, a batalha pôs fim não apenas à guerra contra a França, como
também ao boom econômico que ela
alimentava. O aperto foi geral, afetando indústria e agricultura. Com a
importação de alimentos — interrompida pela guerra — retomada e a queda na
demanda das forças armadas, o preço dos produtos agrícolas despencou. Em
resposta às queixas dos grandes terratenentes, foram aprovadas leis draconianas
para manter alto o preço dos grãos. Pelas Leis dos Cereais de 1815, as importações
foram proibidas até que o preço dos grãos domésticos atingisse a elevada
quantia de dez xelins por alqueire — cerca de quatro xelins acima da tarifa
normal. Na verdade, os interesses agrários que dominavam o Parlamento tinham se
concedido um monopólio.
As Leis dos Cereais podem ter protegido os
terratenentes, mas só pioraram a sorte dos pobres e provocaram amplo
descontentamento. Uma série de comícios radicais nos anos do pós-guerra
atraíram plateias cada vez maiores, para a preocupação de industriais e
terratenentes. Numa tarde de agosto de 1819, cerca de 60 mil homens e mulheres
reuniram-se em St. Peter's Fields, Manchester, para ouvir um radical popular,
Henry "Orador" Hunt. Alarmados, magistrados dá localidade mandaram a
milícia prender o orador. Quando a multidão impediu isso, a cavalaria da
burguesia rural atacou, 'brandindo sabres e atropelando indiscriminadamente. No
total, onze espectadores foram mortos e mais de quatrocentos, feridos.
O massacre de "Peterloo", como
foi chamado o episódio, numa referência irônica à grande vitória britânica,
serviu apenas para fortalecer o movimento da classe operária. As combinações,
apesar de estarem supostamente abolidas, floresceram tão vigorosamente na clandestinidade
que em 1824, o governo decidiu legalizá-las, na vã esperança de diminuir sua
atração. A lei, no entanto, não era clara quanto ao direito de greve — uma
batalha que se travaria nos anos seguintes.
Não era apenas a classe trabalhadora que
mobilizava suas forças. Outros também queriam uma participação maior na nova
ordem. Ao longo do tempo, crescera uma classe média cada vez mais rica, cujas
fileiras abrangiam desde os industriais mais abastados até o mais humilde
lojista. Mais ainda que a classe trabalhadora, a nova burguesia era o produto
da façanha industrial da nação. Eram os membros dessa classe que, em ambos os
lados do balcão, enchiam as lojas que faziam a ponte entre fábrica e casa; eram
eles que compravam os bens manufaturados agora divulgados em anúncios e
tornados acessíveis por hostes de vendedores; e eram eles que ao mesmo tempo
usavam e forneciam os serviços de advocacia, corretagem de imóveis e bancos.
Agora, com os industriais à frente, eles queriam que suas vozes fossem ouvidas
na política da Grã-Bretanha industrial.
Como principais defensores do novo sistema
que, em 1821, o economista político James Mill batizara de
"capitalismo", os industriais viram-se cada vez mais às turras com os
aristocratas que dirigiam o país no Parlamento. Os capitalistas defendiam a
doutrina do laissez-faire, de minimizar
a interferência do estado, maximizando a competição e permitindo às forças do
mercado a liberdade de cuidar de si mesmos. Economistas como Adam Smith e David
Ricardo forneciam a munição intelectual para a luta contra o que era
considerado como um interesse fundiário reacionário. As Leis dos Cereais, em
particular, só podiam beneficiar os grandes latifundiários. O aumento do preço
do pão só trazia mais dificuldades para os pobres e aumentava a conta dos
salários para os industriais.
Numa visão mais geral, porém, qualquer
forma de restrição protetora estava sendo colocada em questão, à medida que a
indústria via as matérias-primas importadas subindo de preço e outras nações
impossibilitadas de comprar seus produtos em consequência da aplicação de tais sanções.
Com sua liderança na industrialização firmemente estabelecida, argumentava-se
que a Grã-Bretanha estaria melhor servida com a remoção de todas as possíveis
restrições ao comércio. "Livre comércio" tornar-se-ia um lema e foi o
uso cínico feito pela aristocracia rural de seu domínio parlamentar para
sustentar as Leis dos Cereais que, mais do que qualquer outra coisa, estimulou
a classe média — até então não reconhecida pelo sistema político herdado de
tempos completamente agrícolas — a exigir representação eleitoral própria.
Na distribuição dos assentos políticos, o
sistema existente não refletia as grandes mudanças que vinham ocorrendo no país
ao longo dos últimos cem anos. Os postos parlamentares ainda estavam nos bolsos
dos proprietários rurais e seus eleitores eram fazendeiros bem de vida que não
tinham porque entornar o caldo. E muitos burgos, apesar de terem um eleitorado
negligenciável, estavam representados no Parlamento em pé de igualdade com
áreas muito mais populosas. O representante de um "burgo podre", como
eram conhecidos esses distritos eleitorais, anunciou após a eleição de 1802:
"Ontem de manhã, entre 11h00 e 12h00, fui eleito unanimemente por um
Eleitor para representar este Burgo Antigo no Parlamento. (...) Não havia outro
candidato, nem oposição, nem votação exigida. Assim, não tive senão que
agradecer ao dito Eleitor pela voz unânime pela qual fui escolhido. (...) Na
sexta-feira de manhã deverei deixar este cenário triunfante com grande sucesso
e uma nobre determinação de não o ver novamente antes de sete anos".
Quando havia dois ou mais candidatos, o
suborno era comum e contratavam-se desordeiros para bater na oposição — e até
no eleitorado, que, sem a proteção do voto secreto, era forçado a votar em voz
alta em reuniões públicas. Nas ocasiões em que não era corrupto, o sistema era
simplesmente antiquado e complicado. As qualificações para votar variavam
enormemente de uma cidade para outra, embora sempre envolvessem a exigência de
algum tipo de propriedade. Grandes cidades como Manchester, Birmingham e
Sheffield, que tinham crescido com rapidez em consequência da industrialização,
passavam pelo absurdo de não ter representantes no Parlamento na década de
1820, apesar de suas imensas populações.
Como self-made
men que vinham de origens relativamente modestas, os novos industriais
tinham pouca influência no governo do país. Com frequência, eram dissidentes
crescidos dentro de rígidas igrejas protestantes não conformistas, que inculcavam
neles, desde tenra idade, as virtudes da parcimônia, abstinência e laboriosidade,
mas que também serviam para colocá-los à margem da maioria anglicana de seus
compatriotas. Todas as energias deles eram dirigidas para seus empreendimentos
— assim como a maior parte dos lucros. Nos primeiros anos de seus negócios,
esses homens amiúde pagavam a si mesmos salários magros, investindo o resto no
desenvolvimento da companhia, para financiar melhoramentos ou expansão.
Mais tarde, talvez, eles ou seus
descendentes poderiam desfrutar os benefícios materiais de seus sucessos. O
filho do magnata da cerveja Samuel Whitbread dissiparia a maior parte da
fortuna que o pai conseguira amealhar numa malsucedida carreira política e
acabaria se suicidando. Com exceção desses exemplos extremos, no entanto, as
grandes famílias manufatureiras tornaram-se logo quase indistintas da
aristocracia tradicional na escala e extravagância de suas casas, bens, criados
e carruagens, na escola dos filhos — em tudo, exceto pedigree e poder. Pois, por mais ricos que ficassem, os
capitalistas continuavam politicamente ignorados.
Mas a pressão por reformas estava
crescendo. O Parlamento não estava mais em posição de ignorar a riqueza e o
poder da classe média. Em 1830, um golpe incruento derrubou o rei Carlos X da
França, revivendo entre a nobreza fundiária da Grã-Bretanha as tristes
lembranças da Revolução Francesa. No mesmo ano, a morte do rei George IV tornou
inevitável uma eleição geral: era a chance que os reformistas esperavam.
"Nunca se estabeleceu uma democracia em qualquer parte do mundo que (...)
não tenha declarado imediatamente guerra contra a propriedade", declarou o
primeiro-ministro que saía, duque de Wellington. Seu sucessor, lorde Gray,
no entanto, assumiu o posto com o compromisso de mudar a situação. Em 1832 foi aprovada a Lei da Reforma, que dava o direito
de voto a um número significativamente maior de
eleitores e estabelecia um sistema mais racional de distritos eleitorais. As
cidades fabris ganharam representação no Parlamento e os industriais e profissionais
de classe média, o direito de votar.
Tendo conquistado influência política, as
classes médias não tardaram a usá-la lançando o que seria uma longa e árdua
campanha para promover o livre comércio. A partir de 1839, o ataque foi
liderado pela Liga contra as Leis dos Cereais, cujos oradores, em especial John
Bright e Richard Cobden, viajaram por todo o país defendendo a causa do fim do
monopólio dos proprietários rurais. Nas pequenas vilas, enfrentaram multidões
iradas de trabalhadores rurais e agricultores, incitados pelos terratenentes
que haviam conseguido convencê-los de que todos se beneficiavam de uma lei que,
na verdade, constituía um mero subsídio para os mais ricos. A campanha da Liga
e a resistência dos terratenentes, no entanto, significavam uma batalha pela
supremacia entre as duas maiores bases de poder do país. A vitória final da
Liga em 1846 foi importante não só para acabar com as Leis dos Cereais e
introduzir o livre comércio: ela demonstrou também ao país como um todo a
preeminência do capitalismo.
Enquanto isso, a classe operária
continuava excluída do eleitorado pela exigência de ocupação exclusiva de uma
construção no valor de pelo menos dez libras esterlinas. Os capitalistas tinham
ideias muito estritas sobre os limites da reforma. Apesar disso, alguns
trabalhadores ficaram animados com a vitória de seus empregadores e
encorajaram-se novamente a entrar na batalha política. Em 1834, surgiram
tentativas de criar um "Grande Sindicato Nacional Consolidado" —
federação de sindicatos para reunir todos os trabalhadores, industriais e
agrícolas.
A tentativa defrontou-se com uma feroz
oposição das classes altas, que pareciam compartilhar da visão do ativista
Bronterre O'Brien de que esse sindicato, se tivesse êxito, provocaria "uma
mudança equivalente à subversão completa da ordem existente no mundo". Na
vila de Tolpuddle, Dorset, seis trabalhadores rurais que tentavam filiar novos
membros ao sindicato foram presos e depois condenados pelo crime de administrar
juramentos secretos. Em 1834, o degredo para a Austrália dos "Mártires de
Tolpuddle" — como os infelizes ficaram conhecidos — destruiu o Grande
Sindicato, cujos organizadores não estavam preparados para esse tipo de ataque.
Mas o ultraje sentido pelo povo diante do destino dos seis seria uma fonte de
força para o movimento sindical por muitas décadas.
Havia outros trabalhadores que procuravam
melhorar suas posições pela imitação direta dos industriais. Entre as velhas
profissões especializadas — aquelas cujas formas tradicionais ainda não tinham
sido invadidas pelo sistema fabril — muitos começaram a sentir que só a representação
no Parlamento ofereceria a perspectiva de uma vida melhor. Em 1838, o
marceneiro William Lovett e o alfaiate Francis Place redigiram uma Carta do
Povo que pedia o sufrágio universal masculino, sem qualquer exigência de
propriedade, e a introdução do voto secreto para acabar com a intimidação do
eleitorado. O movimento "cartista" ganhou apoio generalizado entre a
classe operária e uma petição passada em seus comícios já tinha cerca de 1,25
milhões de assinaturas em 1839. Quando o Parlamento reformado descartou a
petição sem cerimônia, a resposta foi irada e imediata. Tumultos e greves
pipocaram em todo o país, mas acabaram se extinguindo diante da inflexibilidade
do governo. Os cartistas mais decididos mantiveram a luta durante a década de
1840, mas em 1848, quando ocorreu a última manifestação cartista — um fracasso
melancólico — o movimento operário parecia ter perdido muito de sua militância.
Conquanto o ritmo da reforma política
fosse lento, o progresso industrial continuou a passo acelerado nas décadas de
1830 e 1840. Cada operário do cotonifício estava "realizando, ou antes,
supervisionando, o trabalho que poderia ter sido feito por duas ou três centenas de homens sessenta anos atrás", alardeou
um admirador do sistema fabril em 1835. Em 1830, o engenheiro James Nasmyth
olhava encantado para os altos-fornos do oeste das Midlands sendo postos a
funcionar: "Eu vi o ferro incandescente sair da fornalha; eu o vi como que
se tecer em barras e fitas, com uma velocidade e facilidade que pareciam
maravilhosas". Mas ao mesmo tempo, Nasmyth estava chocado com o impacto da
fundição de ferro na paisagem rural: "A terra parece ter-se virado de
dentro para fora. Suas entranhas estão espalhadas; quase toda a superfície do
solo está coberta com montes de escória. (...) Quando escureceu (...) o
horizonte era um cinturão fulgurante de fogo, fazendo até mesmo as estrelas
parecerem pálidas e débeis".
A chegada da ferrovia
Máquinas a vapor já tinham sido
colocadas sobre trilhos em 1808, mas o uso desse meio de transporte em larga
escala veio com a Rocket, de George
Stephenson, aqui mostrada em uma réplica, acima. Com seus êmbolos e cilindros,
a Rocket encarnava os princípios de
todas as locomotivas a vapor construídas posteriormente.
Obcecado pela visão de um
transporte sobre trilhos movido a vapor, Stephenson construiu sua primeira
máquina em 1814. Em 1825, sua Locomotion
Nº 1 fez a viagem inaugural da primeira ferrovia de passageiros da
Grã-Bretanha, entre Stockton e Darlington. Mas a linha, de uma companhia de
diligências, continuou com seus vagões puxados a cavalo e foi só em 1829 que os
esforços de Stephenson foram recompensados, quando a Rocket foi escolhida como locomotiva da ferrovia
Liverpool-Manchester, aberta no ano seguinte.
Esse sucesso deflagrou um boom da
construção ferroviária: em 1850, a Grã-Bretanha já tinha mais de 10 mil quilômetros
de trilhos (mapa mais abaixo). O fracasso das experiências com outros modos de propulsão, como a
''Ferrovia Atmosférica" de Brunel, movida a energia pneumática, só reforçou
o fato de que locomotivas como a Rocket
eram o transporte do futuro.
Mudanças maiores eram anunciadas no mesmo
ano pela inauguração da estrada de ferro Liverpool-Manchester. Em pedreiras,
minas de carvão e fundições, os vagões carregados de pedras, carvão e minério
vinham, há alguns anos, sendo puxados ao longo de trilhos de madeira ou ferro,
às vezes por motores a vapor fixos ou por máquinas simples como a de
Trevithick. Mas foi a Rocket de George Stephenson, fácil vencedora das provas
realizadas em 1829 para escolher a locomotiva da nova estrada de ferro, que anunciou
uma nova época de construções ferroviárias que transformariam o país e a vida
de seus habitantes. A atriz Fanny Kemble, que passeou no veículo de Stephenson
um mês antes da abertura oficial da ferrovia, descreveu "como parecia
estranho viajar naquilo, sem nenhuma causa visível do avanço a não ser a
máquina mágica, com sua flutuante exalação branca e marcha ritmada, invariável,
entre aquelas paredes rochosas. (...) Senti como se nenhum conto de fadas fosse
tão maravilhoso quanto a metade do que via".
Evidentemente, não havia nada de
sobrenatural no corte de Edge Hill pelo qual ela passou na época. Como muitas
outras grandes realizações da engenharia civil de então, foi obra de um
exército de navvies — assim chamados
por causa das "navegações", ou canais, em cuja construção esses grupos
foram empregados pela primeira vez. Bandos de trabalhadores turbulentos e
maltrapilhos, amiúde da Irlanda — que desde 1801 estava unida à Grã-Bretanha —,
os navvies levavam vida nômade, indo
de um projeto de construção a outro. Aonde iam, eram temidos pela população
residente, que os considerava como quase animais. O trabalho deles era duro e
realizado em condições atrozes, sua segurança, negligenciada cinicamente por
empreiteiros decididos a economizar tempo e dinheiro. A construção do túnel de
Woodhead, em Cheshire, por exemplo, custou dezenas de vidas. Com efeito, um
observador calculou que a taxa de baixas entre os homens empregados no projeto
— mais de três por cento mortos e catorze por cento feridos — foi maior que a
sofrida pelo exército britânico em Waterloo.
Por mais desprezados e antipáticos que
fossem, os navvies explodiram e
cavaram seu caminho através do país, realizando os sonhos mais ousados dos
engenheiros, entre os quais se destacou o construtor da ferrovia Great Western,
lsambard Kingdom Brunel. Em 1838, cerca de 800 quilômetros de trilhos já tinham
sido colocados na Grã-Bretanha. Cinco anos depois, mais de 3 mil quilômetros
serpenteavam de cidade a cidade, atravessando montanhas, rochedos, pântanos e rios,
com trens andando a mais de 50 quilômetros por hora. Todos os homens de negócios
queriam participar dos lucros e uma pletora de pequenas linhas foi feita com
dinheiro local, servindo às necessidades regionais e segundo os padrões de cada
engenheiro. Foi só em 1846, quando já havia cerca de duzentas redes
ferroviárias separadas no país, que foi adotada uma bitola padrão nacional de 4
pés e 8,5 polegadas (1,44 metro), para o dissabor daqueles de West Country, que
tinham optado pela bitola de 7 pés (2,13 metros) preferida por Brunel. Em 1851,
as fusões já tinham reduzido o número de linhas para 22 principais, mas mesmo
então a construção não parou. Quatro anos depois, a nação podia exibir mais de
13 mil quilômetros de trilhos.
As indústrias de ferro e carvão
trabalhavam a todo vapor para atender à demanda por seus produtos. Para outros
negócios, o preço do transporte caía gradualmente à medida que o monopólio dos
canais era contestado. O preço dos alimentos caiu também quando distritos
agrícolas recentemente acessíveis começaram a competir com as fazendas em torno
das cidades. As viagens transformaram-se totalmente. Onde quer que chegasse, a
ferrovia galvanizava a vida social e comercial. Em 1848, o escritor Charles
Dickens descreveu as mudanças processadas no que fora um bairro miserável:
"Multidões de gente e montanhas de mercadorias partindo e chegando
incontáveis vezes a cada 24 horas produziam uma fermentação no lugar que estava
sempre em atividade. As próprias casas pareciam dispostas a arrumar as malas e
fazer viagens". Se o comércio era o sangue da Grã-Bretanha industrial, as
ferrovias eram suas veias e artérias.
A nova energia que pulsava em toda a nação
não distribuiu seus benefícios com equidade. Ao levar a rede ferroviária ao
coração de cada cidade, os engenheiros tomaram a via da resistência menor,
abrindo caminho através de moradias de aluguel degradadas e deixando sem lar
milhares de trabalhadores. Enquanto os proprietários eram indenizados, os
desalojados ganhavam apenas mais uma cruz para carregar. Pois por pior que
fossem as condições nas fábricas, os empregados, com frequência, talvez se
sentissem com mais conforto nelas do que em casa. Amontoados nas cidades
industriais, eles viam as dificuldades do campo serem substituídas pela esqualidez
inimaginável da vida urbana. A expectativa de vida média das classes baixas
urbanas era chocantemente baixa: 17 anos para o trabalhador de Manchester e 15
para os nascidos em Liverpool, em comparação com os 38 para os peões do condado
rural de Rutland. As taxas de mortalidade infantil eram amplamente responsáveis
por essas estatísticas: mais de 52 por cento das crianças nascidas em Liverpool
morriam antes dos 5 anos, segundo registros da década de 1840 — e muitas mortes
não eram notificadas.
O jovem escritor americano Herman
Melville, ao desembarcar em Liverpool em 1839, após sua primeira viagem como
marinheiro mercante, ficou horrorizado. "Pobreza, pobreza, pobreza, em
perspectivas quase infindáveis: e carência e desgraça cambaleando de braços
dados por essas ruas miseráveis", escreveu ele mais tarde. Melville
lembrava-se de estar caminhando por um beco, passar por um gradil aberto, ouvir
um gemido "de doer na alma" e espiar para dentro na escuridão:
"ali, cerca de quinze pés abaixo da calçada, agachada numa imundície
indescritível, com a cabeça inclinada, estava a figura do que fora uma mulher.
Seus braços azuis cingiam no colo lívido duas coisas mirradas como crianças,
que se inclinavam em direção a ela, uma de cada lado. A princípio eu não sabia
se estavam vivas ou mortas".
Cenas como esta eram comuns demais nas
cidades britânicas. Favelas de ruelas estreitas e pátios sem ventilação, amontoavam-se
lado a lado, com os piores materiais, usados por construtores gananciosos. Com
freqüência, não tinham alicerces, as paredes eram da espessura de um tijolo e
os andares superiores eram feitos com madeira tão frágil que seus moradores
costumavam cair através do assoalho. A superpopulação era a regra: o reformador
Joseph Adshead encontrou milhares de pessoas vivendo em porões úmidos e sem
ventilação em Manchester; uma casa de quatro cômodos de Londres, alugada para
inquilinos irlandeses em 1847, acomodava não menos que cinquenta pessoas de
oito famílias — sem contar os onze que alugavam camas no porão. A
promiscuidade, imundície e embriaguez produzidas por tais condições estarreciam
observadores como Adshead, numa época em que as classes médias estavam adquirindo
uma visão mais rígida sobre limpeza, sobriedade e respeitabilidade. Alguns se
perguntavam se a natureza repelente das classes baixas não se deveria a uma
falta de educação inata. Outros culpavam os industriais por criarem condições
sob as quais era impossível manter sobriedade e respeitabilidade. Para muitos
trabalhadores, o "templo do gin" era uma fonte periódica de alívio da
labuta diária — e um hiato de conforto em tempos de desemprego. E o álcool não
era o único vício. Os bebês deixados em casa com crianças ou vizinhos idosos
eram rotineiramente sedados com "quietude", um potente preparado de
ópio que os deixava bem quietinhos.
A limpeza e a higiene também estavam fora
do alcance dos pobres. "Onde há sujeira, há dinheiro", dizia um
ditado de Yorkshire e, com efeito, a imundície parecia ser uma faceta
inevitável do crescimento econômico. Os equipamentos sanitários urbanos eram
inadequados, mesmo para os bem de vida. Os sistemas de esgoto, planejados
apenas para drenar a água das chuvas, não davam conta da demanda do maciço
crescimento das populações e dos water closets
que surgiam agora nas residências abastadas. Para os pobres, espremidos em seus
porões, becos e cortiços — amiúde construídos sobre cloacas assoalhadas —, era
muito pior. Contavam apenas com latrinas, comumente poucas e distantes.
Descobriu-se que certas ruas de Manchester estavam privadas delas; nas ruas
Oldham e St. George, mais de 7 mil moradores compartilhavam 33 latrinas. Com
muita frequência, os excrementos humanos eram simplesmente jogados na rua, para
serem recolhidos como esterco, um adubo tão nocivo que envenenava os campos
onde era usado.
A água era artigo raro para a maioria.
Enquanto os ricos podiam bombeá-la para casa, os pobres dependiam de bicas em
ruas próximas, ou de carregadores de água que vendiam o produto em grandes
caçambas. Em ambos os casos, o suprimento era no mínimo duvidoso, quando não
uma ameaça séria. Os londrinos de todas as classes dependiam do rio Tâmisa
tanto para despejar o esgoto quanto para beber. Os esgotos vazavam
rotineiramente, tanto dentro das casas quanto nos poços e ribeirões que
forneciam água. O tifo era uma ameaça sempre presente; a maioria da família
real foi atacada por ele em algum momento. A rainha Vitória, que subiu ao trono
em 1837, perderia mais tarde o marido, o príncipe Albert, para a doença. E o cólera
epidêmico era responsável por milhares de mortes.
Confrontada com tanta sordidez, muita
gente começou a pensar se o sucesso do capitalismo valia a pena. Thomas
Carlyle, crítico implacável do industrialismo e seus valores materiais, deu voz
ao pensamento de muitos: "Temos mais riquezas do que qualquer nação teve
antes, e temos menos bem-estar do que qualquer nação teve antes. (...) Em meio
à abundância pletórica, o povo perece."
O fado dos pobres estava recebendo atenção
crescente de fora de suas fileiras, à medida que uma onda de evangelismo
religioso varria a nação. A compaixão cristã tornava-se uma força rival do laissez-faire. As classes média e alta
liam os dados horripilantes de pobreza contidos nos Blue Books — publicações governamentais muito populares que traziam
estatísticas sobre todas as áreas da sociedade britânica —, ou em escritos com
muito mais vida, como os romances de Charles Dickens.
Em 1830, a escravidão fora abolida no
império, mas o debate que levara a ela iluminara as condições de quase servidão
das fábricas e minas do país. Nas duas décadas seguintes, foram feitas
investigações sobre saúde pública, higiene, moradia, lei criminal, educação e
outros aspectos da vida, resultando em reformas. Em 1843, as condições nas
fábricas já tinham melhorado um pouco através de uma série de leis fabris.
Dentro de uma década, o horário de trabalho seria limitado a dez horas por dia
e providências para a educação das crianças seriam obrigatórias.
Apóstolo da reforma
A miséria humana provocada pelo sistema
fabril e pelo crescimento explosivo das cidades britânicas atraiu a atenção de
muitos filantropos ricos. Poucos, porém, alcançaram a fama internacional de
Robert Owen.
Nascido em 1771, em Newtown, País de
Gales, ele galgou rapidamente os degraus da indústria para se tornar sócio de
um grande cotonifício de Manchester. Mas não foi a agudeza para os negócios e
sim a visão de uma nova sociedade industrial que distinguiu Owen. Profundamente
sensível à sorte dos que estavam em desvantagem, ele acreditava que só o
ambiente social favorável resultaria num bom caráter.
Em consequência, Owen comprou em 1800 uma
cidade fabril de 2 mil habitantes chamada New Lanark, perto de Glasgow. Ali,
com gastos consideráveis, partiu para criar uma utopia industrial de boas moradias,
ordem social e educação. A fábrica prosperou e logo New Lanark se tornou um
lugar de peregrinação para reformistas sociais, homens do estado e até para a
realeza.
Baseado nesse sucesso, Owen começou a
pregar a criação em escala mundial de vilas semelhantes de "unidade e
cooperação" como cura para os males da pobreza e do desemprego. Ao mesmo
tempo, tentou organizar os operários britânicos em base nacional, com a
criação, em 1834, do Grande Sindicato Nacional Consolidado.
Nenhuma das iniciativas prosperou, mas
Owen continuou a pregar suas ideias. Muito tempo depois de sua morte, em 1858,
seus ideais visionários ainda influenciavam os reformadores sociais.
Enquanto muitos capitalistas resistiam às
reformas, outros tomavam a dianteira, propondo-as e sustentando-as. Desde o
início do século, um desses magnatas benevolentes, Robert Owen, vinha tentando
construir uma ordem mais justa de cooperação entre capital e trabalho em sua
fábrica de New Lanark, na Escócia. Em outras áreas, trabalhadores e artífices
batalhavam para criar suas comunidades cooperativas autossuficientes. Embora
tais medidas fossem radicais demais para a maioria, em 1850 os bretões
abastados tinham uma posição mais bondosa em relação aos pobres.
Os inimigos das reformas queixavam-se de
que o controle maior estava asfixiando o comércio e as empresas, mas a produção
industrial não dava sinais disso. Na metade do século, a Grã-Bretanha ostentava
1 800 cotonifícios, empregando 328 mil operários e usando máquinas a vapor com
a potência total de quase 53 mil quilowatts para produzir mais de 1 600 milhões
de metros de algodão por ano — oito vezes mais do que ao final das guerras
napoleônicas. A produção anual de carvão mineral tinha mais que quadruplicado
ao longo do século para atingir 56 milhões de toneladas, enquanto a de
ferro-gusa tinha crescido vinte vezes e seus dois milhões de toneladas
equivaliam à metade da produção mundial. A Grã-Bretanha tornara-se, de fato, a
oficina do mundo. Mas sua exportação mais importante era a própria
industrialização. Os financistas britânicos encontraram ricas oportunidades de
investimento na Bélgica — onde carvão e ferro abundantes e uma tradição de
manufatura têxtil davam condições muito semelhantes às da própria Inglaterra —
e, mais tarde, na Alemanha e nos départements
do norte da França. O know-how também
atravessou o mar, com engenheiros e técnicos levando seus conhecimentos de
construção de ferrovias e fábricas e de mecanização de indústrias.
O mesmo aconteceu nos Estados Unidos. Em
1840, o navio a vapor Britannia atravessou o Atlântico em assombrosos catorze
dias e, em 1846, já havia um serviço regular de transporte de passageiros.
Fábricas surgiram na costa leste e as ferrovias se espalharam com rapidez
impressionante, penetrando no interior e levando para oeste os benefícios — e
males — da indústria. Em 1860, já haveria mais de 45 mil quilômetros de
trilhos. Em breve, a distância entre a Grã-Bretanha e seus competidores
estrangeiros diminuiria.
Mas na metade do século, ela era ainda a
vitrine da industrialização. Suas conquistas no curso do século XIX tinham sido
extraordinárias, as mudanças, imensas e de tirar o fôlego. As reformas sociais
e políticas concomitantes pareciam suficientes para permitir que os bretões
aceitassem a nova ordem. Em 1848, quando a Europa continental foi varrida por
uma onda revolucionária, em parte como reação contra a industrialização, nada
de equivalente ocorreu na Grã-Bretanha.
Ao contrário, 1850 encontrou a nação mais
autoconfiante do que nunca. No ano seguinte, o triunfo de seu progresso foi
mostrado para todos na feira comercial do Palácio da Indústria de Londres. De
19 de maio a 15 de outubro, na chamada "Grande Exposição", 13 mil
exibidores atraíram seis milhões de visitantes de todo o mundo para ver as
maravilhas do livre comércio e da iniciativa britânica. Uma ilustre visitante
ficou tão impressionada que foi à exposição trinta vezes e, em seus registros,
resumiu o entusiasmo do povo britânico: "Somos capazes de fazer qualquer
coisa", escreveu a rainha Vitória em seu diário, no dia 29 de abril de
1851.
A INDÚSTRIA BRITÂNICA é um capítulo do livro
A FORÇA DA INICIATIVA (1800-1850) - da coleção HISTÓRIA EM REVISTA, publicada pelos
EDITORES DE TIME-LIFE LIVROS
Editor europeu: Ellen Phillips
Diretor de arte: Ed Skyner
Diretor de recursos editoriais: Gillian Moore
Subeditor chefe: Ilse Gray
Assistente do diretor de arte: Mary Staples
em parceria com a
ABRIL LIVROS - RIO DE JANEIRO
Diretores: Roberto Civita, Ike Zarmati e Koos Siewers
Tradução e adaptação para a língua portuguesa: Pedro Paulo Poppovic Consultores
Editoriais S/C Ltda - São Paulo
Tradução: Pedro Maia Soares
Consultor: RICHARD OVERY, professor de História Moderna, Faculdade King's,
Universidade de Londres.
Authorized Portuguese Edition: Copyright 1992 - Abril Livros Ltda
Original edition: Copyright 1990 - Time-Life Books B.V.
A INDÚSTRIA BRITÂNICA é um capítulo do livro
A FORÇA DA INICIATIVA (1800-1850) - da coleção HISTÓRIA EM REVISTA, publicada pelos
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